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OS FESTEJOS A SÃO NICOLAU E O DÍZIMO DE URGEZES: TRADIÇÃO E EVOLUÇÃO

Há mais de trezentos anos, era a chamada renda de Urgezes que ‘alimentava’ a festa que os coreiros (e dos que estudavam ou vieram a estudar latim, destacando-se, mais tarde, a aula do afamado professor Venâncio) dedicavam ao patrono dos estudantes da vila de Guimarães.

Essa renda, um dízimo deixado aos estudantes (em testamento) por um cónego da colegiada, era paga pelo rendeiro de Urgezes aos escolásticos em dia do santo, o 6 de Dezembro. 

O dízimo, pago em géneros (maçãs, tremoços, castanhas e vinho), era recolhido junto à antiga igreja da freguesia, numa propriedade que a Colegiada detinha naquele local.

Os estudantes (coreiros) seguiam, depois, em cortejo animado até ao velho burgo. Aí, espalhavam a posse por aqueles que se lhes juntavam. As maçãs eram para as meninas.

Vai daí, batia-se às portas. As meninas apareciam, quando não vinham os pais ou as mães. Os marotos dos estudantes esperavam algo em troca das maçãs. Muitas vezes, esticavam os lábios e as mãos, usurpando com a vontade o que a vontade alheia não desejara. A evolução natural foi simples: acabaram-se as portas. As donzelas passaram para as varandas (às vezes, por vontade delas, outra por vontade dos pais).

Na década de 30 do século dezoito, as rendas são extintas. A colegiada esfrega as mãos. Os estudantes temem pela sua festa. O tribunal é o próximo passo.

Numa primeira instância, os estudantes ganham a causa. A colegiada tem de continuar a entregar-lhes o que por testamento lhes pertence. Mas, com mais poder, incomparavelmente, a colegiada recorre da decisão. E ganha.

Os estudantes protestam. O cónego Baptista, figura de pouca simpatia no seio estudantil, é o alvo da ira. Buscam-no para lhe acertarem o passo.

Temendo o fim, 39 estudantes criam a “Associação Escolástica Vimaranense”, pugnando pela continuação dos festejo a São Nicolau na vila de Guimarães (e também estabelecendo as directrizes para a condição, ou nã, de estudante). Durante anos, aqueles que não esqueceram a renda de Urgezes simularam-na à porta do rendeiro, a cada 6 de Dezembro. 

As Nicolinas do passado realizavam-se num só dia, o do Santo, sendo anunciadas de véspera, o 5 de Dezembro, por um Pregão. Foi assim com alguma intermitência, até ao fim do século XIX. A partir de 1895, com o ressurgimento, em força, das Festas,, os números espalharam-se por uma semana, acto que ainda hoje perdura (assinalam-se os 125 anos dessa efeméride).

O Dízimo de Urgezes, o número maior dos festejos nicolinos de antanho (a par do das Danças, que ajudaram a custear a capela de São Nicolau), ressurgiria, como Posse original, mais de 150 anos depois, em 1999, por mão de um executivo da junta de freguesia de Urgezes encabeçado por Manuel Nunes, e após sugestão de Hélder Rocha, Nicolino-Mor.


O Dízimo de Urgezes, que se celebrava, como já foi escrito, a 6 de Dezembro (hoje a 4, como as restantes Posses), esteve na origem das Maçãzinhas, e provisionou as Festas Nicolinas dos nossos antepassados.

A Comissão de Festas Nicolinas 2020